Ensinar o ego a pescar
No Natal de 2021, subi ao palco do Teatro Nacional D. Maria II e, durante uma hora, comparei a nossa atitude perante as alterações climáticas com uma rã na panela.
Há uns dias vi esse mesmo título numa notícia online e o meu ego ficou magoado. “Não me ouviram no Natal de 2021 e, agora, roubam-me a ideia. Sacanas.”
Ocorreu-me agora que ESTE é um dos impedimentos principais entre nós e a salvação que já não chegará a tempo: ego.
Desde esse Natal tenho vindo a publicar linhas sobre este tema. Estas são frequentemente recusadas porque soam a disco riscado. Agradeço ao Observador não mandar estas para o caixote do lixo electrónico e vamos já directo para o slide vermelho na minha apresentação natalícia, que dizia “Keep calm and do the math“.
Enquanto esse slide estava no ecrã recordei o público de como a Revolução Industrial marcou o início do transporte de Carbono desde o chão, onde esteve enterrado durante milhares de milhões de anos (na forma sólida, líquida e gasosa) para a atmosfera. A seguir expliquei o que é um motor de combustão, que consiste em cilindros metálicos dentro dos quais é injectado combustível, que explode. O combustível consiste predominantemente em longas moléculas de átomos de Carbono rodeadas de átomos de Hidrogénio, daí adoptarem a designação de Hidrocarbonetos.
A seguir expliquei que, no início da Revolução Industrial, começámos por pôr máquinas a mexer queimando lenha e carvão (lá está, Carbono), para aquecer água e pressurizando o vapor desta para mover corpos pesados, como locomotivas,........
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