25 de Novembro nos 50, um Milhão de socialismo em capa dura
Miguel Milhão lança a 25 de novembro o seu novo livro, Porque Sou Socialista. O título, por si só, é uma provocação politicamente incendiária. Não porque a ideia seja particularmente original. A história literária portuguesa está cheia de livros que aproveitaram o zeitgeist para navegar entre a provocação e o mercado. Em 1930, Ferreira de Castro publicou A Selva, um romance que denunciava a exploração dos seringueiros na Amazónia. Era literatura de esquerda, social, comprometida. E foi um êxito retumbante, não apenas pela qualidade literária, que a tinha, mas porque chegou no momento exacto em que o país precisava de narrativas de denúncia social e redenção dos oprimidos.
Décadas mais tarde, já nos estertores do Estado Novo, Luís de Sttau Monteiro escreveu Angústia para o Jantar e, ainda mais conhecido, Felizmente Há Luar!, peças de teatro inspiradas em Brecht que usavam episódios históricos para criticar o presente. Foram imediatamente censuradas. A máquina censória, pesada, inculta e ineficiente, dominada por oficiais do Exército na reforma, conseguiu apenas o feito de lhes multiplicar o impacto e a curiosidade em torno delas. Tornaram-se símbolos de resistência. Sttau Monteiro sabia navegar o zeitgeist. Sabia que um livro proibido cativa mais do que um livro permitido. Sabia que a provocação, quando bem calibrada, se transforma em capital cultural.
Ora o que Miguel Milhão está a fazer agora é precisamente isso, navegar o zeitgeist em sentido contrário, com uma ironia descarada e, convenhamos, mordaz. Porque reparem: num país onde “socialista” se tornou sinónimo de tudo e de nada, onde o PS governa há décadas, ora à vista ora por dentro do PSD, sem que ninguém defina muito bem o que significa ser socialista (para além de ganhar eleições), lançar um livro com este título, sendo quem Miguel Milhão é, empresário de sucesso, conservador assumido, crítico feroz do estatismo, equivale a embrulhar o absurdo e vendê-lo como se fosse senso comum. E vai funcionar. Vai........





















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