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Nos 50 Anos do Fim do Império

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16.11.2025

No dia 11 de Novembro, passou meio século sobre o fim do império português. Para o comemorar, ficámos a saber que, pelo menos num dos antigos territórios portugueses, se fez mais pelo bem comum e pela prosperidade do povo nestes últimos cinquenta anos do que nos 500 anos de “opressão, escravatura e humilhação” imperialista. Será, talvez, a mais longa “longa noite” da História; e nada como as “longas noites”, com os seus convenientes breus de séculos ou meios séculos, para justificar as décadas de demora das prometidas madrugadas, dos dias “limpos e inteiros” que, vá-se lá a saber porquê, insistem teimosamente em não chegar.

De qualquer forma, foi há cinquenta anos que acabou o primeiro e último império europeu ultramarino; primeiro por vontade do Infante D. Henrique, último por vontade de Salazar. Um feito para um pequeno país da periferia ocidental.

Durou 560 anos: de 1415, com a conquista de Ceuta, a 1975, com a independência de Angola. Determinou países, que se tornaram nações e construíram identidades, e foi essencial, quer para os seus fundadores, quer para os seus defensores finais, para a independência nacional.

Porque a nacionalidade envolve uma identidade continuada, rica e complexa, não é um bem que deva ser desbaratado por razões de conveniência económica ou retórica política. É certo que a nação surge quase sempre por obra de um Estado, e que os Estados, na generalidade dos países europeus, nasceram por vontade e ambição de príncipes que quiseram libertar-se dos seus suseranos, e que, juntando a sua vontade política à vontade dos grandes e do povo, souberam usar uma dissensão, uma humilhação até, para a secessão. E quebraram as regras e a ordem vigente, a soberania de um império ou de um outro reino. É essa vontade de liberdade e de não-sujeição que, em todos os quadrantes e pontos geográficos, cria e legitima a independência.

Foi essa vontade que, na crise e na guerra da independência, nos finais do século XIV, levou o mestre de Avis, Nun’Álvares e João das Regras a guiar os nobres, burgueses e populares que não queriam ser mandados pelo rei de Castela.

Do Oriente ao Brasil

Mas nesses princípios do século XV, o rectângulo independente, comprimido por um vizinho mais poderoso, precisava de massa crítica e não ia encontrá-la em terra. Restava-nos, do outro lado, o mar. E partimos para o mar aberto, pioneiros de........

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