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Cambodja: uma efeméride da extrema-esquerda

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29.06.2025

A 30 de Abril de 1975 caiu Saigão. Foi há 50 anos. A queda tornou-se um símbolo, não só de uma vitória comunista, mas de uma derrota do Ocidente perante o Oriente. Tinha havido outras derrotas semelhantes, na guerra russo-japonesa de 1904-1905, datas memoráveis porque, nesses tempos de Imperialismo, a regra era “os ocidentais”, com velas e canhões, ou máquinas a vapor e canhões, saírem vitoriosos dos recontros.

Mas às vezes não saíam. Às vezes, eram os outros que ganhavam. Foi assim que os sioux do Sitting Bull, do Touro Sentado, derrotaram o general Custer, e que os abissínios do imperador Menelik II esmagaram em Addua os italianos do general Baratieri.

A queda de Saigão em 1975 era o fim de uma longa guerra vitoriosa para os dirigentes comunistas do Vietname do Norte, Ho Chi Min e o general Giap, que 21 anos antes, em 7 de Maio de 1954, tinham tomado o campo entrincheirado de Dien Bien Phu, aprisionando milhares de militares franceses. O campo entrincheirado tinha sido uma decisão estratégica infeliz do general Navarre, o comandante militar da Indochina.

Mas, poucos dias antes da queda de Saigão, caíra Phnom Penh, capital do Cambodja. E caíra nas mãos daqueles que, pela rigorosa aplicação da sua ideologia, viriam a tornar-se famosos numa actividade em que tinham séria e pródiga competição: a práctica do crime contra a Humanidade.

Nesse século XX, concorrentes não faltavam ao Cambodja: os comunistas de Lenine e Estaline tinham inaugurado a modalidade na guerra civil russa, aniquilando os inimigos, aristocratas, burgueses e cristãos, por métodos que levariam historiadores como Ernst Nolte e Andreas Hillgruber a falar em genocídio de classe. Seguira-se, na competição, o hitlerismo, com as suas leis de pureza racial e o extermínio dos judeus na Europa ocupada. Mas se Hitler se concentrara nos judeus e nos estrangeiros, Estaline dedicara-se a exterminar os seus compatriotas, entre os quais muitos comunistas. Foi talvez o homem que mais........

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