A Guerra do Silício: a disputa por Taiwan
Esqueçamos, por momentos, o petróleo. O recurso, que verdadeiramente alimenta o século XXI, é o silício processado e o seu epicentro global, o seu “Estreito de Ormuz”, é Taiwan. Empresas como a TSMC não são meros fabricantes – são os guardiões da infraestrutura sobre a qual assenta toda a economia digital. Sem os seus chips avançados, não haveria inteligência artificial, smartphones, centros de dados, automação industrial ou, até, parte significativa do armamento moderno.
É neste contexto que a ameaça militar da China, sobre Taiwan, deve ser compreendida: não como um resquício anacrónico de uma guerra civil passada, mas como o movimento mais audacioso numa disputa geopolítica pelo controlo do presente e, sobretudo, do futuro.
A questão de Taiwan deixou de ser apenas um diferendo territorial ou ideológico. Tornou-se uma crise de segurança da cadeia de abastecimento global, onde um único tiro – ou mesmo simples exercícios militares – pode desencadear uma nova recessão internacional.
A atual pressão militar de Pequim não é uma anomalia histórica; é a continuação de um padrão de intimidação e coerção que define as relações através do Estreito desde 1949. O fim da Guerra Civil Chinesa não trouxe paz definitiva – apenas transferiu o conflito para o mar, dando origem às chamadas Crises do Estreito de Taiwan.
Nas décadas de 1950, durante a Primeira e a Segunda Crise, as forças comunistas chinesas bombardearam intensamente as ilhas de Kinmen e Matsu, controladas por Taiwan, numa tentativa de tomar esses territórios estratégicos. Esses confrontos levaram os Estados Unidos a assinar o Sino-American Mutual Defense Treaty com Taipé e a intervir com o seu poder naval para evitar uma escalada militar mais ampla.
O precedente mais recente, e mais inquietante, ocorreu durante a Terceira Crise do Estreito (1995–1996). Em resposta a uma visita do então presidente taiwanês, Lee Teng-hui, aos Estados Unidos, a China lançou vários mísseis balísticos nas águas próximas dos principais portos de Taiwan, numa tentativa clara de intimidar os eleitores antes da primeira eleição presidencial direta da ilha. A crise foi contida apenas após o envio de dois porta-aviões americanos (USS Independence e o USS Nimitz) para a região, numa demonstração inequívoca de força e dissuasão.
Desde então, a gramática do conflito manteve-se reconhecível: exercícios militares em larga escala, por parte da China, como “punição” simbólica a movimentos políticos taiwaneses. Porém, se a linguagem é antiga, o que está em jogo hoje não é apenas soberania nacional, mas o controlo do coração digital da economia global e isso eleva os riscos a um nível sem precedentes.
Durante décadas, a defesa de Taiwan foi analisada sobretudo sob uma perspectiva puramente militar. Hoje, no entanto, a sua arma de dissuasão mais........





















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