Sem lítio não há baterias. Sem Esperança não há futuro
E se a esperança fosse um direito a ser garantido pelos nossos governantes e um dever, de uns para com os outros, a ser mantido por nós, cidadãos?
As critical raw materials (matérias-primas críticas) são descritas como recursos indispensáveis para a sustentabilidade da economia de um país, mas sujeitos a riscos elevados de disrupção no acesso, devendo por isso, ser protegidos. São exemplos o lítio, o cobalto ou as terras raras, imprescindíveis para a tecnologia e para a transição verde.
Confrontada com o recomeço que setembro simboliza — novo ano letivo, rentrée política, retoma do ritmo social — pus-me a refletir sobre quais os recursos verdadeiramente fundamentais para um recomeço renovado. E cheguei, ao que me parece ser, a matéria-prima mais crítica e indispensável à vida humana e em sociedade: a Esperança.
Não me refiro à esperança enquanto estado de espírito leve, ingenuidade ou otimismo inato. Nem tampouco como fruto de circunstâncias externas que permitem a alguns viverem mais livres de preocupações, sonhando com futuros promissores. Refiro-me à Esperança enquanto realidade ansiada, experimentada, vivida e por isso, passível de ser construída coletivamente.
Coloco então a seguinte questão: e se a esperança fosse tratada como tratamos o lítio ou o cobalto — um recurso crítico, indispensável e escasso?
As crises sucessivas – a pandemia, as guerras, a crise climática, a........
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