O português comum
O português comum não se importa se são dois beijinhos, três ou nenhum. Habituou-se a adaptar-se — é essa a sua arte mais refinada.
O português comum entra com a mesma expressão numa tasca ou num palácio. Sabe estar em qualquer lado. Conhece bem a tasca da terra e o Palácio da Pena — um não anula o outro.
O português comum já deixou de perguntar como alguém paga uma casa. O sonho da casa própria já foi hipotecado há muito tempo.
Não perde tempo com culpas alheias. Que os privilegiados lidem com o peso da consciência. Ele lida com o peso das contas. Trabalha, e ainda assim não chega ao fim........
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