Precisamos mesmo de rever a legislação laboral?
“É fácil de constatar que não existe uma vontade genuína para alterar as coisas. Existe alguma vontade de fazer alguns remendos, pequenas alterações, mas normalmente, nestas questões da economia, a emenda é quase sempre pior do que o soneto”. Esta frase, que se aplicaria tão bem hoje, é da autoria de Mário Centeno, o governador do Banco de Portugal de saída, numa entrevista ao Público em Fevereiro de 2011, ainda não tínhamos pedido ajuda externa.
Na altura defendia – como em princípio ainda defende – que se avançasse para o contrato único, acabando com os contratos a prazo. Passada uma década e meia, a legislação laboral mudou com a troïka e depois em 2023 com a Agenda do Trabalho Digno, mas continuamos longe desse objetivo. E o mercado laboral continua tão dual como era – ou ligeiramente menos devido à reforma da era da troïka – , com a divisão entre contratos sem termo e a termo a marcarem a diferença de direitos.
Vamos aparentemente avançar para mais uma reforma da legislação laboral sob a iniciativa da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social Maria do Rosário Palma Ramalho, em que se aplica igualmente a afirmação de Mário Centeno de 2011. Temos aumentos nos prazos e âmbito dos contratos a prazo,........
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