Banco de Portugal e Governo, mais uma batalha
O conflito entre o ministro das Finanças Joaquim Miranda Sarmento e o governador do Banco de Portugal Mário Centeno atingiu, a semana passada, o seu ponto mais alto, somando-se mais um episódio, provavelmente o final, nas relações entre os dois e mais um caso à história das batalhas entre a Praça do Comércio e a Rua do Comércio. Neste processo e em toda a história da escolha de Álvaro Santos Pereira, como sucessor de Mário Centeno, vimos um Governo que deixa para o último minuto decisões que sabe que tem de tomar – há muito que tinha explicitado a sua vontade de não reconduzir o governador – , contradizendo a imagem de elevada capacidade de decisão, que quer transmitir.
As notícias foram caindo em catadupa no início da semana passada, enquanto se aguardava que o Governo anunciasse quem iria suceder a Mário Centeno. O Observador revela uma investigação sobre a nova sede do Banco de Portugal com contrato assinado com a Fidelidade e desencadeia, do Ministério das Finanças, o anúncio de que pediu à Inspeção Geral de Finanças para fazer uma auditoria ao processo. E o Eco revela que o governador Mário Centeno renovou o mandato de Álvaro Novo como diretor do Gabinete de Apoio ao Governador e promoveu Rita Poiares, identificada ainda como mulher do ex-secretário de Estado Ricardo Mourinho Félix, a directora do Departamento de Estatística.
Na entrevista que dá à RTP, Mário Centeno revela, entre outras coisas, que os riscos identificados foram consagrados no contrato assinado com a Fidelidade e que toda a documentação, sobre a nova sede, foi entregue ao Ministério das Finanças. E deixa uma questão pertinente: Porque é que o Ministério das Finanças não colocou nenhuma questão, se tinha dúvidas. Ou, dizemos nós, só foi confrontado com as suas dúvidas depois da investigação divulgada pelo Observador? Quer numa como na outra hipótese, a actuação de Joaquim Miranda Sarmento foi tudo menos a melhor para quem, com o seu cargo, deve defender as instituições. Em vez de anunciar a auditoria da IGF poderia, e devia, ter chamado o governador para que se explicasse ou até pedir explicações ao conselho de auditoria do Banco, esta última sugestão feita por Mário Centeno na entrevista.
Na breve cronologia que Mário Centeno fez, sobre a........
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