Autarcas (alguns) agarrados ao poder
Há várias décadas, poucos anos passados do 25 de Abril, víamos murais – em geral da iniciativa do PCP – que nos mostravam, em campanha eleitoral, o que o autarca tinha investido em matéria de infraestruturas de saneamento básico. Hoje a campanha faz-se a tapar buracos em estradas – nalguns casos sem sequer se darem ao trabalho de investirem num tapete novo de alcatrão – e com festas e festanças.
Enquanto se gasta dinheiro em festas, a autarquia, em geral à volta de Lisboa, não tem uma boa recolha de lixo, as ruas estão sujas, as ervas são cortadas passados os prazos para os privados, as tais infraestruturas de saneamento estão obsoletas e os transportes públicos municipais funcionam com problemas. Isto para não citar a falta de programas de combate ao insucesso escolar e às diversas iliteracias ou ainda iniciativas eficientes de integração de imigrantes. E, claro, a deficiente prestação de serviços para quem quer construir, por exemplo, habitação.
Se há áreas em que subsistem suspeitas, injustas dirão os protagonistas, de desperdício de recursos é sem dúvida a das autarquias. O trabalho de investigação do Observador, sobre o dinheiro que as autarquias gastaram em concertos nos últimos três meses – 18 milhões de euros –, é bem revelador do que se passa. O problema não é o dinheiro que se gasta a dar concertos, é a questão de saber se esses recursos não teriam uma aplicação alternativa mais importante,........
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