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Gaddafi: paz europeia e americana chegaram de F16

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29.05.2025

A intervenção militar da NATO na Líbia foi vendida como um ato humanitário para proteger civis e garantir a “paz humanitária”. Na prática, porém, trouxe tudo menos tranquilidade. Ao fim da campanha, a missão que afirmava salvar vidas desmontou o Estado líbio e deixou o país entregue ao caos e à guerra civil. Sob a retórica de evitar genocídios e espalhar democracia, a NATO mostrou-se aquilo que realmente é: uma organização que se disfarça de pacifista para defender os interesses económicos e estratégicos da Europa e dos EUA, custe o que custar.

Durante o governo de Muammar Gaddafi, a Líbia era uma das nações africanas mais desenvolvidas. Em 2010, ocupava o primeiro lugar em África no Índice de Desenvolvimento Humano. As receitas do petróleo eram usadas para criar uma sociedade com acesso gratuito à saúde, educação, habitação subsidiada, infraestruturas modernas e uma taxa de alfabetização acima dos 80%. As mulheres tiveram uma ascensão histórica, passando a exercer profissões antes impensáveis no mundo árabe, desde magistradas a diplomatas. O Estado líbio oferecia, de facto, um padrão de vida superior ao de muitos países “livres” e “democráticos” africanos, e até mesmo de outros continentes.

Mas Gaddafi queria mais: sonhava com a libertação económica de todo o continente africano. Para isso, acumulou cerca de 143 toneladas de ouro e planeava criar o dinar de ouro africano, uma moeda forte e independente, capaz de libertar os países africanos da dependência do dólar e do franco CFA, este último imposto pela França.

A criação desta moeda iria implicar com que a importação de petróleo por parte de países como os EUA e a França tivessem de pagar numa moeda diferente da sua, havendo........

© Observador