De Volta ao Futuro? A Tentativa Falhada
A Política industrial da administração de Donald Trump procura utilizar barreiras comerciais de forma a aumentar a competitividade de empresas nacionais, fomentado a criação de empregos fabris. É um plano com um objetivo errado e uma pior execução. Utilizando uma metáfora apelativa aos leitores portugueses, é como um jogador de futebol tentar marcar golo na própria baliza com as mãos.
Os atos da administração de Donald Trump têm sido erráticos, imprevisíveis e contraditórios. Novas direções para a política industrial americana estão a ser anunciadas através de redes sociais, sem o conhecimento prévio de membros da administração. Desde o início do ano, Trump anunciou diversos planos comerciais, apenas para os desmentir pouco depois.
Antes de comentar o plano industrial, é importante realçar o choque económico e financeiro que a incerteza causada pela falta de planeamento tem causado.
Além do choque no mercado acionista, o principal problema advém no mercado obrigacionista. Este mercado é, tradicionalmente, mais resiliente a especulações. A forma errática de conduzir política levou a uma perda de fé no mercado americano, levando a uma desvalorização do dólar e a uma subida das yields das obrigações do tesouro de 10 anos. Esta é uma combinação perigosa, os investidores estão a vender apesar da taxa de juro estar a subir, demonstrando o aumento do risco e incerteza da economia americana.
Segundo a teoria económica ortodoxa, a implementação de tarifas deveria ter valorizado o dólar. Aliás, como comentado pelo secretário do tesouro, Scott Bessent, a administração estava a contar com a valorização do dólar para diminuir o custo acrescido das importações. Adicionalmente, segundo a teoria económica ortodoxa, a maior probabilidade de uma recessão deveria ter diminuído as yields do tesouro, uma vez que durante uma recessão os bancos centrais descem as taxas de juro para promover a economia. A volatilidade introduzida pelo........
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