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Em memória do luso-israelita Idan Shtivi

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15.09.2025

Há duas semanas, o Estado de Israel anunciou que havia recuperado os restos mortais de Idan Shtivi. Fora assassinado no festival Nova no fatídico dia 7 de outubro de 2023, onde se dirigira para fotografar o evento, e o seu corpo transportado para Gaza. Nascido em 6 de junho de 1995, estudava ciências ambientais e viu arruinada a sua projetada vida, o casamento, os filhos e o trabalho na área da energia. O autor destas linhas recebeu outrora o pai de Idan, no Porto. Não há palavras suficientemente cruas para descrever um rosto tão triste. A família ainda lutava pelo seu eventual regresso a casa, dado que o jovem possuía a nacionalidade portuguesa, e talvez algo pudesse ser feito em terras lusas no sentido de sensibilizar o reino do Qatar, que estranhos patrocínios dispensa – em troca de ascendência e controlo – por terras da Palestina.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, expressaram o seu lamento genuíno pela morte confirmada de Idan. Outros responsáveis políticos pronunciaram-se no mesmo sentido. No entanto, as reações que todos receberam não foram amistosas. “Um português made in SEF”, “não tem focinho de português”, “nome tipicamente português”, “Shtivi e português não combinam”, “oportunista português”, “comprou o passaporte”, “passaporte de conveniência”, “um passaporte num bollycao”, “terrorista judeu”… Centenas de mensagens deste calibre podem ser encontradas numa breve pesquisa nas caixas de comentários e redes sociais dos órgãos informativos nacionais.

Não faltaram guerreiros sentados a colocar a tónica no apelido do jovem falecido, que fora herdado do pai. Ninguém tratou de apurar a identidade da mãe, da família Benveniste da comunidade sefardita búlgara, uma comunidade de raiz ibérica e versada no idioma ladino. Idan era neto de Naftali Benveniste (1935) e bisneto de Israel e Rivka Benveniste (1927) e é relativamente simples conhecer a história ampliada desta........

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