Revoltas populares anti-imigrantes: quem é o autor moral?
Pelo menos desde a idade média (séculos V-XV), nada de substantivo muda nas revoltas populares. Quando as populações nativas europeias atacavam cobradores de impostos, castelos ou casas senhoriais ou agora imigrantes os alvos a atingir sempre foram governantes e demais poderes que ameaçam o seu modo de vida. A intuição popular sempre soube que quanto mais poderoso é quem manda, tanto maior a sua capacidade de instrumentalizar barreiras intermediárias que o escudem da insatisfação e revolta populares.
Se qualquer manifestação de violência e destruição é condenável, independentemente das razões, o autor moral da violência social é o principal responsável. No caso das revoltas dos povos nativos europeus, é regra o poder ser insensível à insatisfação das pessoas comuns, a ponto da sua teimosia o manter predisposto a salvar a pele sacrificando o elo frágil, em séculos passados o cobrador de impostos e hoje o imigrante.
É como se os governantes da Europa atual andassem a concentrar imigrantes nas praças centrais das povoações e, nos mesmos locais, juntassem lenha, gasolina e fósforos. Depois ficassem à espreita para, ao primeiro sinal, acusarem de criminosos uns quantos populares que decidam acender os........
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