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O futuro também tem rugas 

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20.09.2025

Portugal está a envelhecer a olhos vistos — e esse é um dos maiores desafios sociais do nosso tempo. Hoje, mais de 23% da população já tem 65 anos ou mais e, em 2050, esse número poderá ultrapassar os 33%. Não falamos de projeções distantes, mas de

um presente que exige respostas urgentes: como garantir dignidade, cuidado e inclusão a uma geração inteira que cresce em número, mas que tantas vezes se sente invisível?

Vivemos num país onde a esperança de vida disparou. Em apenas meio século, a média de vida dos portugueses aumentou mais de 15 anos, situando-se hoje nos 82 anos para as mulheres e 76 para os homens. Esta conquista da ciência e das políticas de saúde transformou Portugal num dos países mais envelhecidos da Europa, e aquilo que antes parecia uma previsão futura é já a realidade quotidiana. Mas se envelhecer é, para muitos, um privilégio, para outros torna-se sinónimo de perdas, limitações ou isolamento. Cada ruga guarda uma história de resiliência, cada cabelo branco é memória de batalhas vencidas, mas demasiadas vezes a velhice traduz-se em invisibilidade e estigma. Não surpreende que mais de 40% dos nossos idosos confessem sentir-se tratados como um peso para a sociedade.

A solidão é talvez o inimigo mais silencioso do envelhecimento. Em Portugal, cerca de 19% dos idosos vivem........

© Observador