Nuno Melo, um ano na Defesa Nacional
Quando, há um ano, escrevia nestas páginas do Observador que o ministro da Defesa Nacional (MDN) “não deverá ser alguém que precise de dois anos para conhecer os dossiês militares e de dois anos para decidir sobre esses assuntos”, referia-me, em grande medida, a Nuno Melo. Um ano depois, abandono esse ceticismo e afirmo outra convicção: o próximo MDN deverá ser, senão o próprio Nuno Melo, alguém que, no mesmo período, consiga igualar, ou até superar, os avanços significativos que ele promoveu na Defesa Nacional (DN). Até diria mais, se for Nuno Melo o próximo MDN, até pode permitir-se a abrir o debate na sociedade civil sobre um novo modelo de serviço militar, porque fica provado que o Serviço Militar Obrigatório que cumpriu só lhe fez bem!
Muitas das prioridades que então identifiquei permanecem atuais, enquanto outras foram ampliadas pelo novo cenário geopolítico global, mas, no entanto, é inegável que Nuno Melo soube enfrentar esses desafios com determinação, respondendo com eficácia às dificuldades herdadas e aos limitados recursos disponíveis. O seu desempenho melhorou substancialmente a realidade das Forças Armadas (FFAA), colocando a DN numa trajetória de recuperação e reforço da sua operacionalidade. Durante os oito anos anteriores, sob governação socialista, a Defesa foi relegada para último plano, com uma abordagem reativa e limitada. Foram anos de desprezo pela instituição militar com vários ministros a limitarem-se ao papel de “cobrir pela frente e alinhar pela esquerda”. Esquerda essa, tradicionalmente avessa ao investimento na área militar, que manteve um discurso que ignorou a necessidade de disciplina, ordem e respeito pela instituição castrense. Nuno Melo assumiu funções num contexto de extrema dificuldade, com um setor muito fragilizado e carente de respostas urgentes.
Embora persistam desafios, os avanços são inegáveis. No que toca aos efetivos, a situação, embora ainda longe do ideal, já não é crítica como era. Em termos de equipamento, há muito por fazer, mas o ponto de partida era uma realidade de degradação. No setor da saúde militar, registaram-se melhorias que aliviaram um cenário anteriormente alarmante. De forma transversal, em todos os Ramos das FFAA, Nuno Melo conseguiu, em apenas um ano, devolver aos militares um sentido de esperança e compromisso,........
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