O dia em que deixei de ver a minha filha
Tudo mudou para o José numa única semana: a separação, as acusações, a ordem judicial. Nove anos depois, continua sem abraçar a filha. Neste e nos próximos artigos, vamos percorrer esta história passo a passo.
José recordou com clareza o dia em que a sua vida mudou para sempre. Na altura, a Maria, a sua única filha, tinha apenas seis anos e meio. Pouco tempo depois da separação da mãe da Maria, ele viu-se repentinamente afastado do convívio diário que sempre tivera com a filha. Como nos contou, esse afastamento, que inicialmente acreditou ser temporário, prolongou-se por mais de nove anos e ainda hoje, com a Maria já adolescente de 16 anos, a distância mantém-se: “O meu nome é José, tenho uma filha, a Maria (nome fictício), hoje com 16 anos e deixei de ter convívio com ela há já nove anos e meio, altura em que me separei da mãe (…) na sequência de uma queixa às autoridades, com a acusação formal de eu haver praticado crimes de violência doméstica, dois para ser exato, na forma de agressões físicas e verbais continuadas, ao longo de 6 anos, a ela e à minha filha, desde o primeiro mês de idade”.
As acusações surgiram logo após a separação, como um golpe súbito que alterou por completo a sua relação com a filha. A mãe apresentou queixa formal às autoridades, imputando a José dois crimes de violência doméstica.
Do ponto de vista psicológico, este é um padrão frequente nos casos de alienação parental: a introdução de acusações graves no momento da rutura conjugal, muitas vezes coincidente com........
© Observador
