Da inocência à pulseira eletrónica (VII)
[Episódios anteriores: “O dia em que deixei de ver a minha filha (I)” (15 de agosto de 2025), “Cada dia que passa, sinto mais ódio (II)” (22 de agosto de 2025), “Nove anos e meio de afastamento da filha maria (III)” (29 de agosto de 2025) e “Ciclos de crise e instabilidade emocional (IV), (06 de setembro de 2025), “ O silêncio que separa (V)” (12 de setembro de 2025) e “Da invasão policial à prisão injusta: com falsas acusações (VI)” (19 de setembro de 2025).]
Damos continuidade ao relato de José, que evidencia de forma clara os efeitos devastadores da alienação parental na vida de um pai. No episódio anterior, descrevemos como José foi surpreendido com falsas acusações de violência doméstica apresentadas pela mãe alienante de Maria, acusações que resultaram na aplicação de uma medida cautelar que o afastou da filha.
Neste episódio, o José relatou que, durante a audiência, não foi apenas confrontado com acusações falsas, mas também com o que, segundo ele, são os preconceitos que marcaram profundamente a sua experiência enquanto pai acusado: “Esta posição do tribunal, que pretendia incluir-me na atitude habitual de quem é detido e acusado de crime e da tendência em negar as acusações que recaem sobre si e de a virar para um “bode expiatório”, jogava em paralelo com uma outra, que não ficou expressa no Despacho, mas que me foi dita de viva voz, como corolário no fim da audiência, “…é comum o Homem, em contexto de violência doméstica, ser o agressor, pelo que o senhor não será excepção”. Para o José, esta frase significou a confirmação de que estava a ser tratado como “culpado à partida”, por ser homem, independentemente da ausência de provas. Psicologicamente, a ocorrência deste tipo de generalização pode provocar sentimentos de injustiça, aumentando a sensação de impotência perante o sistema judicial. Como nos referiu: “Significava que a juíza que me inquiriu agiu e fez juízo no preconceito de uma base estatística, desvirtuando um princípio que a Justiça devia ter em absoluta atenção: que “cada caso é um caso” e eu, não só estava absolutamente inocente face às acusações que me estavam a ser feitas, com a agravante de não me terem dado o direito prévio e com tempo, de preparar a minha defesa, em paralelo com a necessária investigação e fase de Inquérito para recolha de provas, avaliando o meu carácter e condutas pessoais, que o Ministério Público teria obrigação de levar a cabo”.
Esta reflexão do José sublinha um ponto crucial, o de que a presunção........
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