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A ocultação de provas de amor por pai e madrasta alienadores

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20.07.2025

Após quatro anos de afastamento e alienação parental, uma jovem regressa finalmente ao convívio da sua mãe. Nesse reencontro, mãe e filha iniciam um processo doloroso de reconstrução do passado que revela uma verdade profundamente perturbadora: todos os presentes que a mãe tinha enviado durante aqueles anos, nos aniversários, no Natal e noutras ocasiões, foram sistematicamente apropriados, ocultados ou reaproveitados pelo pai e pela madrasta alienadores.

A mãe relatou que, logo nos primeiros dias após o regresso de Madalena à sua casa, surgiram pistas dessa ocultação. A filha começou a reparar em semelhanças entre os objetos que conhecia da casa do pai e os que viu na casa da mãe: “Depois começou-se a aperceber …. a minha coluna de som que eu tinha em casa, preta. Isto foi nos primeiros dias”. Surpreendida, ao ver uma coluna de música, reconheceu-a e comentou com espanto: “Ah, eu tenho uma cor igual a esta!”.

A mãe foi recordando, momento a momento, e explicando à filha com doçura e tristeza, que aqueles objetos eram presentes que ela própria tinha enviado: “Eu sei, querida, tens uma cor de salmão!”.

Admirada, Madalena questionou a mãe: “Mas como é que tu sabes que tenho uma coluna desta cor?”. A mãe então explicou que foi ela quem lha ofereceu, acrescentando que a tinha enviado no Natal: “Fui eu que enviei no Natal….foi há 4 ou 5 anos”. A mãe continuou esclarecendo quais as colunas que tinha enviado aos dois filhos: “Se é igual a esta que estás a falar, a tua é cor salmão e a do mano é cinzenta”. Madalena, ainda surpreendida, partilhou com a mãe que a coluna estava na casa do pai, mas que quando quis levá-la para a casa da mãe, ele não permitiu: “O papá não me deixa trazer”.

Madalena recordou-se com precisão do momento em que o pai e a madrasta alienadora lhe ofereceram a ela e ao irmão as colunas que, na verdade, tinham sido enviadas pela mãe: “… e a minha madrasta e o meu pai… quando nós tínhamos ido para casa da minha avó, da parte do meu pai, o pai e a minha madrasta deram-nos esse presente por nós termos voltado para casa… tinha sido a minha mãe que nos tinha dado”.

Um presente enviado com amor pela mãe, mas que foi apropriado pelos alienadores e transformado numa recompensa manipuladora, oferecida como prémio pela decisão de Madalena e do irmão voltarem a viver com o pai. Um gesto materno convertido em instrumento de controlo, simultaneamente usado para apagar o vínculo com a mãe e reforçar a lealdade ao ambiente paterno.

A mãe partilhou que, num momento de espanto, Madalena começou a perceber que muitas das prendas que pensava terem sido dadas pelo pai e pela madrasta alienadores tinham, na verdade, sido enviadas pela mãe. Surpresa, Madalena perguntou-lhe: “Mas foste tu que me deste?!”.

Com ternura, mas também com mágoa, a mãe começou a contar-lhe, peça por peça, os presentes que, ao longo do tempo, lhe tinha enviado: “A mãe, de Natal e nos anos… mandava-te um livro todos os meses, uma coisa, um miminho todos os meses”. A tristeza e desilusão de Madalena foram profundas perante esta revelação. Madalena reagiu com descrença, como se precisasse de se proteger da dor da verdade, tenta negar: “Mentira”. A mãe reafirmou, com serenidade, ternura e firmeza, procurando reconstruir a verdade perdida: “Verdade, a mãe mandava sempre coisas”.

Aos poucos, Madalena começou a interrogar-se sobre todos os objetos que tinha recebido do pai e da madrasta alienadora, e: “Então, começou-me a perguntar: “Então, e isto? E aquilo?”. E a mãe ia respondendo, um a um, que tinha sido ela quem os oferecera: “Foi mamãe, foi mamãe”.

A mãe relatou-nos como a consciência da filha se foi formando de forma dolorosa, à medida que percebia........

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