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A marca judaica na construção de Portugal (2): a Dinastia de

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05.12.2025

Os judeus foram uma das pedras angulares da dinastia de Borgonha para a construção de Portugal, pelo que, desde Afonso Henriques até ao interregno (1139 e 1383), implantaram e marcaram variados setores vitais, da economia à saúde, administração, comércio, agricultura, cultura.

Com a criação do rabinato-mor do reino, Afonso Henriques permitiu à comunidade judaica uma estrutura administrativa independente, essencial para o seu desenvolvimento, daí a sistemática representação legal presente nas cartas de foral de D. Sancho I, à medida que o povoamento avançava. O seu almoxarife-mor é José Aben Yahia, um alto funcionário real encarregado de cobrar direitos reais e seu arrendamento, emprazar os bens da Coroa, pagar as mercês régias e despesas públicas. Funda a sinagoga de Lisboa, uma das mais belas da Península. É neto do primeiro rabino-mor Yahia Aben Yaish, a quem Afonso Henriques, já no intuito de os prender à terra, dera algumas aldeias, permitindo assim a compra de bens de raiz, uma originalidade na Península e na Europa.

Afonso II, preocupado também com a organização do território, ia simultaneamente fazendo tudo para fortalecer o poder real: ratifica as concessões aos judeus nos forais anteriores, reconhece-lhes o direito de se regerem nas judiarias pelas suas leis próprias, de serem sancionados pelos seus juízes, exceto quando em julgamento entre cristão e judeu, em que este seria obrigado a apresentar-se a um alcaide ou meirinho, prestando juramento.

Contudo, cerceia-lhes certos privilégios passíveis de lhes permitir uma situação demasiado importante e, portanto, perigosa para o poder real: aos almoxarifes, tesoureiros e recebedores é-lhes cortado o quase total livre-arbítrio nas suas funções que propiciavam a exploração escandalosa do povo. Segundo novas normas provenientes do direito eclesiástico, proíbe os judeus de aceder ao cargo de ovençal [N.E.: cobrador de rendas], ter serviçais cristãos e deserdar os........

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