Conflito silencioso de gerações
Aos 13, aos 14 e aos 15 a vida, às vezes, parece um tornado. Aos 16 a primavera chega, solarenga. Aos 17 entra-se no “Eu é que sei!”. E, logo a seguir, os 18, acabam por não ser fáceis. Porque eles se tornam maiores. Terminam o secundário. Entram no campeonato nacional das notas e (por mais que reconheçam que, nalgumas, haverá percentagens exageradas de inteligência artificial) descobrem, muito depressa, que não são tão bons como supunham. Tiram a carta. Entram na universidade. Saem de casa. Fazem a primeira viagem. E ganham autonomia. Depois, aos bocadinhos, eles crescem mais. Mas há quem os sinta egocêntricos. E mais egoístas do que deviam. Escondem a insegurança com o narcisismo. Dominam as novas tecnologias e separam o mundo entre os infoexcluídos e os esclarecidos. São cabeças abertas menos quando as interpelações à mudança lhes chegam pela mão dos pais. São, desde há muito, íntimos do chatGPT e falam e confessam-se com ele. Percebem, rapidamente, que é difícil compatibilizar as vidas pessoal e profissional. São bem mais solitários do que parece. Mas querem ter vida e ter sucesso; trabalhando o quanto baste. Têm uma relação oblíqua e com o seu quê de invejoso com a qualidade de vida dos mais velhos. Consomem muito fast-food digital e, com base nisso, opinam, comentam e corrigem.
O contraditório com que eles crescem chega-lhes por algoritmos.........
© Observador
