Lisboa, Madrid e Washington: desafios e oportunidades
Estive este ano a viver na capital dos EUA. Esta coluna esteve generosamente suspensa, provavelmente para felicidade de alguns, inclusive minha. Mas é bom regressar a Portugal e ao convívio por escrito com quem sabe ler e debater ideias. Entre Washington DC e Lisboa passei por Madrid. O que me fez pensar na complexa, mas indispensável ligação entre cidades e Estados, e no que estará em jogo para estas três cidades.
Não é por acaso que foi à cidade que fomos buscar as palavras civilização e cidadania. Elas sempre foram locais privilegiados de trocas de bens e ideias, motores indispensáveis de dinamismo económico e inovação tecnológica. Concentram recursos e competências indispensáveis para gerir vastos territórios, também por isso, tiveram capacidade de negociar direitos de cidadania com diferentes soberanos. No entanto, em 1900, estima-se que apenas 15% da população global vivia em cidades. O peso civilizacional das cidades sempre foi grande, o seu impacto na vida da maioria das pessoas era limitado. Em Portugal, em 1973, 60% das pessoas ainda viviam no campo (eu era uma delas). Só desde 2007 é que mais de metade da população global vive em cidades, mas o protagonismo das cidades tem continuado a reforçar-se.
A urbanização traz evidentes vantagens de escala e eficiência. Mas este êxodo rural global também tem desvantagens, desde perda de qualidade de vida (nomeadamente a minha) até ser um dos fatores potenciadores de massivos incêndios rurais na América do Norte e na Europa.........
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