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Acudam ao fogo!

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30.08.2025

“Acudam ao fogo!” foi o grito que ouvi numa bela manhã de verão da minha infância. À tarde a aldeia estava rodeada de chamas. E foi uma infância feliz mesmo com incêndios, sem água canalizada e com a eletricidade a faltar frequentemente. Os famosos meios aéreos eram escassos e não havia bombeiros profissionais. Havia era mais gente a roçar mato. Sem saber estava a assistir ao fim de um período de milhares de anos em que, depois da Revolução Agrícola de há 12.000 anos atrás, a vida da maior parte das pessoas no Mundo era ocupada em trabalhos agrícolas complementados por recursos florestais. Vivemos nestas últimas décadas uma aceleração extraordinária do êxodo rural que se iniciou com a Revolução Industrial. Hoje a aldeia da minha infância está cheia de casas confortáveis e vazia de pessoas que saíram para procurar uma vida melhor. Entretanto o minifúndio que mal permitia uma agricultura de subsistência transformou-se no minimatagal em mãos de múltiplos proprietários ausentes. Os que conhecem os “seus” terrenos não os conseguem gerir de forma economicamente viável. Os que assumem a responsabilidade de os limpar perdem dinheiro e têm dificuldade em encontrar quem o faça. É impossível encontrar compradores para pequenos terrenos dispersos em encostas perdidas. Não devemos ter ilusões.

Também não devemos desistir. Quem ainda vive no campo tem mostrado iniciativa investindo em culturas de elevado valor como o vinho, azeite, fruta. E também no turismo, mesmo que isso implique, por vezes, alimentar irritantes

© Observador