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A ONU devia acabar?

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saturday

A ONU devia acabar? É uma pergunta legítima, nada dura para sempre. Donald Trump deixou claro, no início da semana, no plenário anual da Assembleia Geral da ONU, na abertura do ano político internacional, que não estava satisfeito com a organização. Não é de espantar. Não só a ONU tinha recusado uma empreitada sua há décadas atrás, como as escadas rolantes e o teleponto falharam. Também se queixou de que a ONU não o ajudou a acabar com sete guerras. Mas o mais interessante é que Trump não concluiu daí que a organização devia acabar, ou que os EUA a deviam deixar. Nas oito décadas desde a criação da ONU, só a Indonésia abandonou voluntariamente a organização, em 1965, e voltou passados poucos meses. A União Soviética também tinha feito uma birra, em 1950, deixando de se fazer representar, sem sair formalmente, das reuniões do Conselho de Segurança, mas não demorou a regressar, quando os EUA aproveitaram essa ausência para fazer passar no Conselho de Segurança uma resolução que mandatou o envio de tropas para defender a Coreia do Sul da invasão da Coreia do Norte.

O Portugal de Salazar e outras potências colonizadoras queixavam-se das muitas críticas e derrotas que sofriam na Assembleia Geral da ONU. No entanto, Portugal insistiu durante uma década em ser admitido na organização. Era importante para o regime mostrar que o país não estava isolado, apesar da retórica do “orgulhosamente sós”. A Bélgica chegou mesmo a tentar convencer outras potências coloniais a abandonarem a ONU, mas isso nunca aconteceu.

Para que serve a ONU e o que explica esta resiliência apesar de décadas de críticas? Este tipo de diplomacia multilateral, envolvendo um grande número de Estados surgiu na Europa, de forma mais recorrente a partir do século XVII, para resolver ou evitar guerras. Começou com conferências de paz para pacificar as coisas depois de grandes guerras, como as que levaram à Paz de Vestefália, em 1648. Depois de décadas de guerra quase........

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