A China venceu e Montenegro foi a Pequim
A recente viagem do Primeiro-Ministro de Portugal a Pequim é um bom pretexto para fazermos um ponto da situação sobre a evolução da posição da China na geopolítica global e as suas implicações para a Europa. A visita veio pouco depois da parada para comemorar os 80 anos do final da Segunda Guerra Mundial, que contou com mais de 10.000 militares e uma ampla amostra de novos sistemas de armamento. A China de Xi Jinping queria mostrar que venceu não só na Segunda Guerra Mundial, mas também na Guerra Fria e tem instrumentos para vencer nesta nova era em que estamos a viver.
Pequim fez ainda questão de mostrar, para quem ainda tivesse dúvidas, que não é realmente neutra na guerra de conquista russa da Ucrânia dando dar lugar de destaque a Putin. É irónico porque a China na Segunda Guerra Mundial “era” a Ucrânia: um país invadido por uma potência militarmente muito superior, com 25% do seu território ocupado, praticamente sem força aérea e com a sua capital, provisoriamente em Chongqing, constantemente bombardeada. Apesar disso, graças à ajuda dos Aliados ocidentais acabou do lado dos vencedores. Sim, houve grande heroísmo na resistência ao expansionismo japonês resultando em milhões de mortos chineses. Mas não se ganha guerras tendo muito mais baixas do que o inimigo. A China fixou muitas tropas japonesas, mas o Japão foi derrotado, em setembro 1945, sobretudo pelas eficazes operações anfíbias e aeronavais norte-americanas. Foi isso que permitiu à China recuperar a sua soberania e territórios perdidos. Mais, os EUA foram a grande potência que mais fez por manter a China formalmente independente e unida durante o seu período de maior fraqueza, entre meados do século XIX e do século XX. E foi a Rússia a potência europeia que........
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