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Paneuropa ou o crepúsculo da União

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17.08.2025

Há momentos na História em que o silêncio é cumplicidade e a inércia, traição. A Europa vive, neste início de século, um desses instantes limítrofes, em que a grande promessa de unidade e prosperidade que animou os povos desde o pós-guerra parece dissolver se num nevoeiro de tecnocracia estéril, desagregação moral e impotência estratégica. Já o disse Charles de Gaulle: “A Europa não pode ser apenas um mercado; deve ser também uma alma”. Pois essa alma, que outrora se traduziu em ideais civilizacionais capazes de iluminar o mundo, agoniza hoje nos corredores de Bruxelas, sufocada por uma retórica de união que não une, por tratados que se cumprem mais no papel do que no espírito e por lideranças que confundem consenso com mediocridade.

É neste quadro que a velha chama da Paneuropa — o mais antigo movimento de unificação do continente — deve ser convocada de novo, não como relíquia histórica para embelezar discursos, mas como projeto vivo, urgente e mobilizador. A sua génese, no entre-guerras, não foi fruto de um romantismo inocente, mas de uma lucidez estratégica: compreender que apenas uma Europa coesa, politicamente articulada e espiritualmente consciente da sua identidade poderia enfrentar e derrotar os monstros ideológicos que então emergiam — o nazismo e o comunismo. O conde Richard von........

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