Educação na Era da Inteligência Artificial:em que falhamos?
Vivemos um tempo de viragem civilizacional. A emergência dos grandes modelos de linguagem (LLMs) e da inteligência artificial generativa está a mudar, de forma vertiginosa e transversal, a forma como vivemos, trabalhamos, comunicamos, criamos e aprendemos. Esta transformação não é uma promessa de futuro, é real, presente e irreversível. E entre todas as áreas impactadas, talvez a mais delicada, e simultaneamente promissora, seja a da educação.
Não se trata apenas de novas ferramentas tecnológicas. Trata-se de um novo paradigma cognitivo e cultural. A IA está a redefinir os processos de aquisição de conhecimento, a forma como estruturamos o raciocínio, como acedemos à informação, como desenvolvemos pensamento crítico, e até como nos relacionamos com o erro, a dúvida, a memória e a criatividade.
No entanto, perante esta revolução, o sistema educativo, em Portugal e em muitos outros países, continua a olhar para a IA com desconfiança, quando não com aberta hostilidade. Os sinais são evidentes: professores a proibirem o uso de ferramentas como o ChatGPT, escolas a regulamentarem testes com vigilância reforçada e suspeição permanente, ministérios que insistem em silêncios ou respostas tímidas. Na ânsia de manter um certo “controlo”, estamos a tentar impedir o inevitável. E isso tem um nome: negação institucionalizada do futuro.
Perante esta nova realidade, a reação dominante tem sido proibitiva. É compreensível: muitos professores sentem-se desorientados, alunos abusam do........
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