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De novo, nada de novo: Portugal em chamas

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21.08.2025

O país está a arder. E, sejamos claros, não é apenas Portugal: grande parte do sul da Europa está a arder. O fogo já não respeita fronteiras, nem mapas políticos, nem a arrogância de quem insiste em acreditar que os incêndios são apenas um problema geográfico, ou uma fatalidade “à portuguesa”. Esta ilusão, tantas vezes alimentada pela classe política e por alguns “sábios” de gabinete, esconde o essencial: estamos perante uma crise europeia, global, existencial.

No entanto, como em qualquer momento de catástrofe, há sempre quem aproveite a tragédia para colher dividendos políticos ou ideológicos. Há quem culpe os técnicos, quem grite contra conspirações, quem finja surpresa. Só quando as chamas batem à porta, quando o fumo invade as nossas casas, quando os noticiários abrem com números que já não cabem nas estatísticas, quando percebemos que “os próximos” poderemos ser nós, é que a opinião pública desperta. E, por breves instantes, ousa apontar o dedo aos responsáveis. Mas logo depois, a indignação esvai-se e tudo volta ao mesmo.

Um continente em combustão

Os números não deixam margem para dúvida: em 2024, arderam 13,5 milhões de hectares de floresta a nível global, uma área equivalente ao território da Grécia. Os incêndios representaram quase metade da perda de cobertura arbórea registada entre 2023 e 2024. Só na Europa, em 2025, já foram devastados 438.568 hectares, quase o triplo da área ardida no........

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