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A eternidade daquilo que não morre em nós

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29.07.2025

Já na reta final do ato que é a vida, já perto do fim, não é a morte que nos apavora verdadeiramente. É a possibilidade de termos vivido sem ter sido. Sem ter sido quem, em silêncio, sempre soubemos poder ser. Sem ter tocado no importante verdadeiramente, durante todo esse tempo que nos foi concedido, sem termos conhecido no íntimo o que realmente somos.

Essa inquietação, não a do fim, mas a do vazio, é o fio oculto que percorre todos os dias e todas as escolhas, mesmo quando não temos consciência dele. A vida, na sua pura nudez, é este intervalo entre dois mistérios: o de vir a ser, e o relegar o ser. Mas é nesse intervalo que se esconde a pergunta: o que permanece de nós, quando esse tempo se extinguir?

Não se trata de legado. Nem de fama. Nem sequer de memórias depositadas na vida dos outros. Trata-se de algo mais íntimo, mais absoluto: a construção de uma interioridade que, uma vez revelada, jamais pode ser dissolvida. Uma substância que, ao ser descoberta, nos torna imortais, não no tempo, mas no........

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