'Dia da Libertação' ou de conflitos comerciais?
Nos anais da história política e económica dos Estados Unidos, poucos líderes conseguiram imprimir a sua marca com a veemência de Donald Trump. O ex-presidente e agora novamente ocupante do Salão Oval voltou a abalar os alicerces do sistema comercial global ao declarar o dia 2 de abril de 2025 como o “Dia da Libertação”, uma nomenclatura que, a par de grandiosa, evoca um certo tom sarcástico. Esta data, no entanto, não é uma efeméride de emancipação comercial para os EUA, mas sim o prenúncio de uma nova era de protecionismo e retaliações internacionais que poderá conduzir a economia global para um descalabro anunciado.
O que significa o “Dia da Libertação” na prática?
As medidas anunciadas por Trump incluem uma tarifa universal de 10% sobre todas as importações, complementada por tarifas adicionais dirigidas a países que, segundo o presidente, praticam políticas comerciais desleais. Em termos práticos, isso significa que produtos provenientes da China e de Taiwan serão sobretaxados em 32%, bens oriundos da União Europeia enfrentarão um aumento tarifário de 20% e mercadorias indianas estarão sujeitas a 26% de taxas. Além disso, todas as importações de automóveis serão taxadas em 25%.
Estes valores são justificados pela administração Trump como um meio de corrigir um suposto desequilíbrio económico e proteger a indústria americana. O objetivo proclamado é claro: reduzir o défice comercial, repatriar empregos e fortalecer a produção interna. No entanto, a realidade é bem mais complexa do que um simples ajuste aritmético nas contas públicas.
O efeito dominó e a retaliação internacional
Tais medidas não tardaram a gerar reações internacionais,........
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