A notável metamorfose de Lisboa (e do Fado)
Estava eu, um destes dias, a ver um programa televisivo sobre o Fado, quando já na fase final ouvi a Amália – a preto e branco — dizer a Lisboa, cantando, «Não sejas francesa, tu és portuguesa, és de todos nós»: o texto era bem-disposto, a música como de marcha popular, a voz dela sublime .
Se aquela nossa Diva pudesse constatar as voltas que entretanto Lisboa deu, aposto que se regozijaria com a intensa renovação de que, entretanto, beneficiou. Provavelmente, exclamaria: «Estás tão bonita, estou orgulhosa!» — ou coisa semelhante, instintivamente! –, espantada e divertida com o superlativo cosmopolitismo que agora se respira na nossa capital.
Grande apreciadora dos encantos parisienses e falando fluentemente o idioma gaulês, imagino-a sem dificuldade passeando de um lado para o outro, deslumbrada com as novidades e animação próprias de um burgo hoje nada periférico nem complexado em relação aos seus parentes europeus; e adivinho-a conversando........
© Observador
