Três repúblicas, um fracasso comum
Em mais de um século de experiência republicana, Portugal conheceu três repúblicas, três tentativas de consolidar um regime que se quis apresentar como sinónimo de progresso, liberdade e modernidade. Contudo, quando se observa com o devido distanciamento histórico, o saldo é amargo: instabilidade, fracassos sucessivos e um legado de divisão que ainda hoje sufoca o debate político. A propaganda oficial e os manuais escolares tendem a enaltecer supostas conquistas das repúblicas; como a educação laica, os direitos sociais ou o sufrágio alargado; mas a verdade é que tais avanços derivaram mais do curso inevitável da História europeia do que do mérito intrínseco dos regimes republicanos que nos couberam.
A Primeira República, nascida em 1910 sob o signo da ruptura, prometia um Portugal novo, mas rapidamente se revelou um poço de desordem. Em menos de duas décadas, o país conheceu dezenas de governos, golpes e contragolpes, um descalabro financeiro e uma sociedade fraturada. O regime não soube assegurar a ordem, nem o progresso,........
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