Quando a militância falha
Filiar-se num partido é, por si só, assumir um compromisso: um sentido de missão e a vontade de contribuir para o bem comum. Contudo, hoje assistimos ao esvaziamento dessa matriz fundadora. Os partidos tornaram-se estruturas fechadas, reféns de formalismos internos que sufocam o pensamento livre e a coragem crítica. O mérito passou a ser medido pela fidelidade, e o poder, quando absoluto, desvincula-se do propósito.
Os sinais de erosão são inegáveis. A participação retraída, a dificuldade em atrair novos membros e os índices crescentes de desmotivação cívica revelam o declínio da confiança na política. Vejamos, por exemplo, o que aconteceu nas últimas legislativas em Portugal: a esquerda perdeu-se num labirinto de indefinições, e o PSD hesita entre a sua matriz histórica e a tentação de se aproximar do PS e do Chega, correndo o risco de anular a sua própria........
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