Ainda não há reviravolta americana
Hannah Wagner, do jornal berlinense Der Tagesspiegel, entrevista o Dr. Andreas Umland, do Centro de Estudos da Europa Oriental de Estocolmo (SCEEUS) no Instituto Sueco de Assuntos Internacionais (UI)
Sr. Umland, o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou os parceiros comerciais de Moscovo com tarifas punitivas se o Kremlin não concordar com um cessar-fogo na Ucrânia em breve. Trata-se de uma grande reviravolta na sua política em relação à Rússia?
Eu não diria que é uma reviravolta. Até agora, é apenas um anúncio – e com Trump, é preciso levar essas declarações verbais com cautela. Neste contexto, as reações na Ucrânia também são mistas. Por um lado, as pessoas reconhecem que Trump está agora a adotar um tom diferente, após meses de aproximação ao líder do Kremlin, Vladimir Putin. Por outro lado, estão céticas quanto à sustentabilidade desta aparente mudança de política.
Afinal, Trump deu a Putin um ultimato pela primeira vez: se ele não concordar com um acordo de paz dentro de 50 dias, os EUA imporão tarifas punitivas de até 100% aos parceiros comerciais da Rússia.
Sim, mas Washington está a jogar um jogo complicado aqui. A pressão que Trump quer criar não viria diretamente dos EUA, mas de países terceiros, como a China e a Índia, que compram petróleo e outros produtos da Rússia. Pelo menos, esse é o plano. Mas resta saber se esses países realmente cederão à pressão e abandonarão a Rússia como parceiro comercial. Além disso, se os EUA impuserem tarifas a determinados........
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