Votaram em segurança, não em reformas
É normal que, de ora em diante, André Ventura se afirme como líder de um partido que não faz crítica fácil. É natural que assim seja pois, de ora em diante, Ventura pode vir a ser o próximo primeiro-ministro. Longe estão as polémicas sobre os ciganos que serviram para catapultar o partido para as notícias. Propostas como a introdução da prisão perpétua e da castração química serão oportunamente usadas como pretexto para impedir acordos com a AD. É que apesar de moderado, Ventura precisa de mostrar que a AD não tem coragem política. A sua coragem política. A coragem política de prometer tudo o que o eleitorado lhe pede para acabar por não lhe dar nada do que precisa.
Ventura promete reformas. Certo. Mas uma análise cuidada das reformas que promete é suficiente para compreender o quanto são contraditórias. Um exemplo: a redução da carga fiscal ao mesmo tempo que aumenta a despesa pública através das inúmeras medidas que constam do programa eleitoral do Chega. Outro: a subida das pensões quando se sabe que, a partir de 2030, estas vão descer abruptamente porque a esquerda (e o Chega) não aceitam discutir uma reforma do sistema da segurança social. O Chega reconhece o problema (© Observador
