O Concerto de Trump
A ordem de Trump para bombardear o Irão enquadra-se na forma como a administração norte-americana divide o mundo em zonas de influência. Geralmente olhamos para Trump e vemos um narcisista que não mede o que diz. Apesar de não estarmos longe da verdade, esta é mais do que isso. No meio das tiradas sem nexo há um fundo de racionalidade e lógica que nos ajuda a perceber o que aí vem.
É nesse sentido que dois ensaios na edição da ‘Foreign Affairs’ de Maio/Junho, sobre as alterações no equilíbrio do poder, constituem um bom contributo. Um descreve a forma como a Administração Trump divide o mundo em blocos, sendo cada potência responsável pela gestão da sua esfera de influência. A autora do texto chega a comparar o equilíbrio actual com o saído do congresso de Viena, em 1815. O então Concerto da Europa, no qual os estados mais poderosos aceitaram e reconheceram as esferas de influência dos restantes, transformou-se agora num concerto do mundo, ou num concerto de Trump, com o presidente dos EUA preparado para, com a China e a Rússia, dividir o planeta em blocos dentro dos quais cada um destes três domina sem oposição dos outros dois.
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