Eng. Moedas, arborize Lisboa, p.f.
Perto da minha casa há uma mercearia que é o centro das ruas envolventes. Não é que não haja movimento em redor, que temos escolas, algumas lojas, cafés e restaurantes, mas é na mercearia da Cristina onde, além das compras, as pessoas dão dois dedos de conversa e os mais sós sabem que se faltarem um dia alguém lhes irá bater à porta. É também o local onde os mais novos vão buscar as chaves de casa que os pais lá deixaram para eles. Naquele pequeno espaço há fiado para quem precisa, o bairro humaniza-se e sente-se.
Os meus avós paternos tinham uma quinta na Beira Alta. Todos os anos lá ia com os meus pais em visitas que implicavam os meus avós receberem ou irmos visitar família afastada que vivia perto. Nessas tardes ouvia histórias, comia biscoitos e, no meio das brincadeiras com os primos, via os mais crescidos conversarem sobre assuntos sérios e rirem-se de piadas. O ambiente era acolhedor, o sentimento de pertença absoluto num meio familiar alargado em que os meus avós, por se encontrarem no meio dos seus irmãos e cunhados, deixavam, por um momento, de ser o centro da família e eu descobria neles outra faceta. Nesses dias, o meu mundo era imenso, mas também seguro. Na Beira Alta também havia mais árvores que em Lisboa, onde vivia. E mais espaço. Pedras, raízes, muros, plantas, flores, água, lama, caminhos, a humidade dos fins de tarde a anunciar o princípio da noite. No céu via estrelas.
Com a concentração de mais pessoas nas cidades, novos conceitos de vida urbana terão de se materializar. À medida que as gerações passam são cada vez menos........





















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