Imigração: o que redesenha o mapa político europeu
Durante demasiado tempo, a imigração foi tratada em Portugal — e na Europa em geral — como um tema incómodo. Uma espécie de elefante na sala que muitos preferiram ignorar, na esperança de que a realidade se moldasse ao discurso politicamente confortável. Essa estratégia de negação acabou por alimentar aquilo que hoje estamos a presenciar: um abalo profundo no equilíbrio político de vários países europeus, que se traduz no crescimento da extrema-direita, no colapso de coligações de governo e no surgimento de um eleitorado cada vez mais polarizado.
A imigração tornou-se o eixo à volta do qual se reconfigura o mapa político da Europa. E não é um acaso: ela toca em tudo — identidade, soberania, economia, segurança, fronteiras, valores. Este fenómeno será cada vez mais estrutural nas sociedades europeias. O envelhecimento populacional, a escassez de mão-de-obra e as pressões externas vindas de crises globais tornam claro que o desafio não é impedi-la, mas sim governá-la com regras, equilíbrio e visão de futuro.
É preciso também dizer que, durante anos, o debate sobre imigração ilegal foi empurrado para a sombra em nome........
© Observador
