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Sei que não voto por aí

8 10
friday

Uma pessoa ouve “taxa de rejeição” e agarra-se à carteira. No país em que estamos, o mais certo é quererem agora que também pague imposto por tudo o que não quer, já que já paga por tudo o que quer – duas vezes: o preço, pelo que quer; o imposto, por querer. Mas, por uma vez, eis uma taxa que não lhe vai ao bolso; antes vem do coração, da cabeça, do instinto ou do intestino, que é mais ou menos a mesma coisa. A taxa de rejeição é o indicador político, estudado pelas sondagens, do que não queremos – e talvez não lhe andemos a prestar a atenção que deveríamos.

Acerca da perplexidade perante o crescimento da extrema-direita já estamos todos confessados e conversados: “donde vem?”, “mas porquê?”, “porque é que as pessoas estão tão zangadas?”, “como é que não vêem o perigo?”, “como é que não vêem as contradições?”, “não lêem”, “não sabem”, “fascistas”, e por aí adiante. De cada vez que radicaliza o discurso e exalta mais um fiel, cria do outro lado mais um anticorpo, mais uma resistência. É ver os estudos: André Ventura e o Chega têm, indiscutivelmente, muitos simpatizantes e seguidores, mas também têm uma taxa de rejeição altíssima. Certo? Certíssimo. Então, e a esquerda? Causará a mesma repulsa? “Oh, não… Portugal é um país de maioria sociológica de esquerda, não é? O PCP até goza de uma certa simpatia, faz um bom trabalho autárquico, Cunhal era admirado, não estamos........

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