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O milagre de 31 de Julho

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01.08.2025

Há já 15 dias que a cidade corre a meio-gás, mas, dentro de algumas horas, é que o fenómeno atinge o ápice: a fuga em massa, o fecho para férias. Há as aparições de Fátima e as desaparições de Agosto. Uns dois terços da população são aspirados para sul, para norte, para a terra, não se sabe bem para onde – coisa digna de ficção científica. Não se arranja um canalizador, um electricista, um consultor de comunicação – enfim, quase nenhuma profissão essencial. O país puxa a persiana e bota um letreiro na porta dizendo: “Espera aí que eu já te atendo”.

Mas, nestas horas imediatamente anteriores, ainda é o frenesim para deixar tudo pronto: os últimos trabalhos, os prazos, as entregas, as contas pagas e a leitura do contador, o carro alugado ou a tenda de campismo, os bilhetes não sei para onde, o hotel do cão, as vacinas do papagaio. Mas e o país?, pergunta um cidadão olhado com estranheza pela família, enquanto tentam encavalitar a última opção de fato de banho dentro da mala. Teremos deixado tudo feito? Tudo pronto? Fica bem sozinho? Vem a pet-sitter?

O país. O país fica mais ou menos assim: o custo das casas aumentou mais 18,7% em relação ao último ano, o crédito ao consumo está em máximos de 13 anos – isto numa altura em que os impostos até desceram e em que, supostamente, as pessoas teriam........

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