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O incómodo

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Para uns, parecerá muito; para outros, pouco. Faz, daqui a dias, dez anos que Pedro Passos Coelho cometeu o mais imperdoável dos pecados em política: ganhar sem matar o adversário.

Foi a 4 de Outubro de 2015 que, depois de quatro anos essencialmente passados a executar o tremendo memorando de entendimento de assistência financeira a Portugal, muita contestação nas ruas, uns quantos erros de comunicação e quando nem o mais optimista dos seus apoiantes imaginaria o povo a votar nele depois de tantos sacrifícios infligidos, Passos mereceu, de novo e contra todas as apostas, a confiança e o respeito da maioria dos eleitores. Depois de António Costa ter assaltado a liderança do próprio partido por Seguro só ter vencido umas Europeias “por poucochinho”. Depois de uma campanha eleitoral sobranceira e negligente do PS que acabou com testemunhos falsos em cartazes, fabricados na oficina da junta de Arroios, a darem tiros nos pés das próprias governações socialistas.

Só que a maioria de Passos não chegava para ser absoluta. E Costa não perdoou. Afinal, se o perigo da fera ferida era válido na selva, porque não em política?

O que se sucedeu foi penoso – ainda é. Inaugurou-se uma era de rancor, calculismo e oportunismo talvez nunca vista na democracia portuguesa, em que se governa, apenas e exclusivamente, para não perder. Governar realmente, definir políticas, reformar, querer mudar o que quer que seja, pensar nas gerações futuras, tornou-se uma espécie de memória de uma época distante, que hoje só o mais ingénuo dos românticos se deixará apanhar a defender em público.

Durante um tempo, a direita não soube o que fazer ao seu líder, aquele que, no fundo, não ganhara nem perdera, e lá o foi deixando ficar, à espera de perceber se ainda seria ele, ou não, o seu........

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