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Danças com Golfinhos

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15.08.2025

Caro concidadão em pleno Agosto, meu semelhante em calção de banho e bóia de flamingos, nestas férias vim a casa e vi o futuro.

Durante muito tempo, achei que a minha terra-natal estaria imune aos excessos do turismo: uma ilha, em alto-mar, com ilhas mais fotogénicas à volta e um clima de esgotar a paciência a um santo pareciam filtros suficientes para garantir que só passava quem quisesse mesmo cá vir. Mas, aos poucos, Verão a Verão, o cenário foi mudando, subindo serenamente do nível “finalmente, dão-nos o valor”, para o “bom”, para o “já paravas” e, enfim, para o “2025”.

Como caracterizar o nível “2025”? Bom, o grande traço distintivo foi que, pela primeira vez, um cidadão do Indostão tentou vender a este vosso um recuerdo “típico” da ilha (uma sweatshirt que parei a admirar na montra de uma loja bem a meio da rua principal da cidade, precisamente por achá-la tão tipicamente açoriana como um sombrero ou um quimono). Depois, as pequenas zonas balneares, antes quase só frequentadas por vizinhos, inundadas de grupos de franceses ou italianos, caóticos e sonoros a ponto de nos fazerem sentir, afinal, civilizados como nórdicos – e com muito melhor bronze. Finalmente, a tabela de preços… Quem diria que aquele café deslavado de apoio à zona balnear da infância, um dia, venderia a bica a euro e meio e uma garrafa de água pequena a dois e meio? Com as mesmas cadeiras de plástico da Olá! e o mesmo chão a colar os chinelos. Que um amigo continental nos confessasse ter gastado num almoço de família mais do que nas primeiras férias........

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