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Vencimentos: estudar deixou de compensar

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10.11.2025

Em alguns casos é cada vez menos compensatório. Vou explicar o meu raciocínio que corrobora a afirmação anterior. Vamos aos números, que não mentem. Em 2015, o salário mínimo em Portugal era 55% do salário médio. Em 2024, já representava 68%. Subiu 13 pontos percentuais em menos de uma década. Portugal tornou-se o país da Zona Euro onde o salário mínimo está mais perto do salário mediano.

À primeira vista, parece positivo. Afinal, estamos a subir o salário mais baixo, certo? O problema é que estamos a fazê-lo sozinhos. O salário médio não acompanhou. E isto não é um pormenor técnico – é um problema gravíssimo que está a destruir a classe média portuguesa.

O Governo já anunciou: salário mínimo vai para 920 euros em 2026 e 1.100 euros em 2029. Ótimo. Ninguém discute isso. Mas pergunto: e depois? E os que ganham 1.200? E os que ganham 1.500? E os que estudaram, se qualificaram, têm anos de experiência? Vão ficar a ver navios enquanto o mínimo lhes come terreno mês após mês?

Desde 2015, o salário mínimo subiu 315 euros – um crescimento de 62%. O salário médio? Subiu apenas 298 euros, de 916 para 1.214 euros. Taxa de crescimento: 33%. Metade. E se tirarmos a inflação do meio, a coisa fica pior: o salário médio real cresceu uns míseros 9%, enquanto o mínimo cresceu 34%.

Isto não é apenas injusto. É um absurdo do ponto de vista económico. Thomas Piketty, um economista francês, disse que a desigualdade não é só uma questão de justiça social, é também de eficiência económica. Se eliminarmos os incentivos para as pessoas se qualificarem, para progredirem na carreira, estamos a matar a produtividade.

Joseph Stiglitz, Prémio Nobel da Economia, diz algo parecido: uma economia funciona melhor quando os trabalhadores são bem pagos pelo que fazem. Não se trata de dar o mínimo ao máximo de gente possível. Trata-se de criar uma estrutura onde quem........

© Observador