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Liderança humanizada na escola

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Acontecia-me com alguma frequência, ao sair da escola, após mais um dia de aulas, ficava no carro a olhar para o portão da escola a observar os alunos que saíam. Alguns a correr, outros a andar, mas a grande parte com um ar feliz. Nas malas que transportavam carregavam muito mais que simples livros, carregavam sonhos, esperança, mas também medos. Olhando para aquelas crianças do 1.º ciclo fui pensando que nós, professores, somos muito mais que transmissores de conhecimento. Somos arquitetos de futuro.

Esta reflexão surge numa altura em que o debate educativo se perde frequentemente em discussões sobre tecnologias. Não que esse aspeto não seja importante — é. Mas há algo que me inquieta profundamente: raramente falamos do elemento humano que verdadeiramente faz a diferença. Raramente falamos de nós, os educadores, e do papel transformador que a nossa liderança pode ter.

Trabalhei em várias escolas no meu percurso e em todas elas o diretor era uma figura temida, quase mitológica. Falava-se dele em sussurros nos corredores. As decisões chegavam de cima para baixo como decretos divinos, e nós, professores, éramos meros executores de vontades alheias.

Durante os meus anos de docência, aprendi que a verdadeira autoridade não vem do cargo ou da idade, mas da capacidade de inspirar confiança. Lembro-me de uma colega que, apesar de não ter qualquer posição hierárquica, era procurada por todos quando surgiam problemas. Porquê? Porque as suas palavras tinham peso e o seu interesse pelo bem-estar dos outros era genuíno.

Se há algo que aprendi nestes anos todos é que a confiança é como um vaso de cristal: demora anos a construir e segundos a partir. Uma mentira, por mais........

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