menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

Apagam o Natal em nome da inclusão

5 8
monday

Quando um agrupamento como o de José Maria dos Santos, no Pinhal Novo, decide eliminar por completo qualquer cenário natalício das fotografias escolares para que ninguém “se sinta excluído”, não está a incluir minorias, está a retirar à maioria o direito a ver reconhecida a sua própria cultura num espaço que é, por definição, comum. A direção garante que o valor emocional das fotografias “se mantém intacto”, mas o incómodo dos pais mostra precisamente o contrário, a neutralidade visual não é neutra, é uma escolha que apaga a marca cultural da quadra em nome de uma sensibilidade abstrata que ninguém concretamente reivindicou.​

A tolerância não consiste em esconder o Natal para poupar eventuais suscetibilidades de quem veio viver para um país maioritariamente cristão secularizado, consiste em esperar que quem chega reconheça que entra numa casa com história e rituais próprios e que os respeite, sem que isso implique que adote a fé ou os costumes. Transformar o calendário e o espaço público em zona franca de símbolos para que ninguém “se ofenda” é um convite ao ressentimento, porque transmite à maioria a mensagem de que a sua própria identidade é um problema a gerir e não um património a preservar.​

Este gesto de cancelamento não nasce do acaso, inscreve-se na lógica de um wokismo que, como vários analistas têm descrito, funciona como moral de minoria convencida de possuir um acesso privilegiado à justiça social e que exige dos restantes não o diálogo, mas a adesão. A cultura woke traduz-se precisamente nesta tendência para reconfigurar linguagem, símbolos, festas........

© Observador