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Os 800 mil mortos de Miguel Sousa Tavares

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28.09.2025

O cançonetista Salvador Sobral afirmou que nunca cantou nem cantará em Israel, anúncio que deixou inconsoláveis multidões de israelitas. Imagino que neste momento as ruas de Telavive e Jerusalém se tenham enchido de manifestantes a exigir a cabeça de Netanyahu e uma digressão urgente do sr. Sobral.

Estou a brincar. A proclamação do sr. Sobral tem o mesmo peso da minha recusa em escrever na Spectator. E uma explicação similar: como absurdamente acontece comigo na redacção da revista inglesa, o sr. Sobral nunca cantou em Israel porque em Israel ninguém sabe quem é o sr. Sobral, e é preciso uma dose muito elevada de soberba e deslumbre e chalupice para alguém achar que a sua ausência priva os outros de uma benesse sem preço. No máximo, a determinação do sr. Sobral constitui um impulso para que Israel prossiga a guerra justa e justificada que trava em Gaza. Do pouquíssimo que infeliz e inadvertidamente já ouvi da criatura, a verdadeira ameaça seria a criatura prometer cantar em Israel.

O importante é que, nos tempos que correm, e que correm de modo muito parecido ao que corriam nos anos 1930, cada um se esforce para exibir em público uma saudável e virtuosa repulsa por judeus, às vezes mal disfarçada de “anti-sionismo”, às vezes nem isso. Há governos à deriva que, face ao colapso social iminente nos seus países, condecoram as proezas do Hamas e “reconhecem” um estado que não........

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