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A flotilha: diário de bordo

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07.09.2025

Já todo o pessoal chegou a Barcelona. O ambiente é de festa rija, que às vezes interrompemos para gravar uns vídeos comoventes sobre o genocídio e partilhá-los nas “redes”. Uma camarada activista, que é deputada em Portugal, disse que “o mundo e a humanidade estão a ser salvos pelo povo palestiniano”, que por sorte é aquele que nós vamos salvar. Parece confuso mas faz sentido, sobretudo após uns cogumelos que consumimos.

Hoje aprendi uma palavra nova: “sumud”, que pelos vistos significa persistência em árabe ou lá qual é a língua que os camaradas do Hamas falam. A camarada portuguesa acrescentou o seguinte: “Porque quando as pessoas se unem, camaradas, somos uma superpotência, somos mais poderosos do que qualquer governo, do que qualquer exército, do que qualquer regime! Somos uma superpotência de solidariedade! Em português dizemos ‘navegar é preciso’, vamos navegar!” Até me arrepiei, ainda que fosse do frio e dos cogumelos.

Na esplanada da marina, um vendedor com sotaque esquisito perguntou-me se queria um café. “Com adoçante de stevia”, respondi. Afinal a oferta era um “keffiyeh”, o lenço dos resistentes palestinianos que estão a salvar a humanidade. Aceitei comovida e estendi o lenço nas costas. Paguei apenas 65 euros. Como somos vegetarianos, jantámos sushi e gritámos “From the river to the sea, Palestine will be free” durante hora e meia, momento em que o dono do restaurante, que era um querido, correu connosco.

“Vamos navegar!” Depois de carregar os doze quilos de Cerelac que vão furar o desumano bloqueio sionista, partimos do........

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