“Je suis ayatollah”, dizem eles
Viram? Não foi difícil transformar o Irão numa “causa”: bastou que se iniciasse o confronto directo com Israel. É óbvio que o aval do sr. Trump também ajuda, mas Israel sozinho chega e sobra para converter inúmeras cabecinhas à veneração dos seus inimigos. Logo que Israel esteja envolvido num conflito, o lado oposto adquire imediatamente múltiplas qualidades e indefectível razão.
De um dia para o outro, de acordo com o que especialistas afirmam nas televisões e no Instagram, o Irão tornou-se um lugar pacífico, que, consoante as versões, ou nunca sonhou enriquecer urânio ou apenas o faz com objectivos científicos e amigos do progresso (em ambas as hipóteses, o país observou sempre com cristalino rigor o direito e os acordos internacionais).
Além disso, uma semana foi o suficiente para a proliferação de propaganda isenta e que desmente categoricamente os mitos difundidos acerca da vida iraniana, incluindo a peregrina ideia de que lá as mulheres possuem um estatuto muito abaixo do das osgas no Alentejo. E não se ouve uma palavra sobre a matança de apóstatas e opositores políticos, duas sílabas alusivas ao financiamento do terrorismo, uma letrinha dedicada ao racismo, ao tráfico humano e à escravatura. Não tarda, seremos abençoados com a informação de que, para lá das virtudes referidas, Teerão é hospitaleiro para........
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