Tu és Pedro!
Com as recentes notícias sobre o estado de saúde do Papa Francisco, muito se tem especulado; o olhar do mundo volta-se para o Papa e para a Igreja. Recuperará ele e retomará as suas funções? Quem serão os cardeais com voto eletivo? Qual o legado do seu pontificado? O que esperar nos próximos dias? De um lado, os seus detratores; do outro, os seus seguidores. Mais do que especular sobre sucessores ou mudanças, importa primeiro esperar que o Papa melhore; segundo, refletir sobre como uma instituição com quase dois mil anos resiste a crises, desafios e ataques. Num mundo em constante mutação, a Igreja mantém-se como um farol, não porque se adapte às modas, mas porque é sustentada por uma promessa que transcende o tempo.
Por mais que o Ocidente se deixe levar por derivas relativistas e materialistas, é inegável que muitas das bênçãos civilizacionais que hoje damos por adquiridas se devem à Igreja Católica: direito natural, transcendente dignidade do homem, fraternidade universal, assistência social e humanitária, com profusão de orfanatos, hospitais, escolas, universidades, avanços científicos. Já tive a oportunidade de abordar este tema anteriormente. Contudo, se o futuro da Igreja – imediatamente – parece passar mais pela Ásia e África do que pelo velho continente, uma questão essencial se impõe: como é que uma instituição com quase dois mil anos persiste inamovível como uma rocha, apesar de escândalos, corrupção e crises internas?
A resposta pode estar na célebre frase do Cardeal Consalvi, Secretário de Estado do Papa Pio VII. Quando Napoleão ameaçou destruir a........
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