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Trump 2.0 – consequências para a política nacional

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08.02.2025

A História, como bem observou Hegel, tende a repetir-se, pelo menos duas vezes. Marx, com seu olhar crítico, acrescentou que a primeira vez é como tragédia, a segunda como farsa.

Oito anos após as eleições americanas que “chocaram o mundo” — ou, mais precisamente, os incautos alheios à realidade — assistimos a um déjà-vu eleitoral. As previsões de 2016, feitas por “especialistas” e sondagens, repetiram-se em 2024, mudando apenas o tom de pele: “Hillary será a primeira mulher presidente da história dos EUA”; “Será apertado, mas as sondagens indicam vitória para Kamala, que, se eleita, fará história como a primeira mulher negra presidente.”

Após uma década de surpresas eleitorais nas democracias ocidentais, tornou-se difícil fazer previsões precisas. No entanto, deveria haver mais ponderação ao considerar essas previsões, especialmente ao marginalizar uma base eleitoral que se sente abandonada e sem voz, transformando-se numa maioria silenciosa que expressa o seu descontentamento nos boletins de voto. Foi exatamente isso que não foi tido em conta em 2016 e que se repetiu em 5 de novembro de 2024.

Nada provoca mais desconforto nas elites políticas e mediáticas do que a ascensão de um outsider político cujo modus operandi foge do convencional, especialmente quando esse indivíduo é Trump.

Assim como há oito anos, grande parte dos americanos que votaram em Trump não deixaram de votar num presidente pela sua falta de filtros políticos, seus modos grosseiramente frontais, pouco ortodoxos no modo de fazer política, mas, apesar disso e também por isso, em detrimento de Kamala, que representava uma elite política de Washington hipócrita e descredibilizada, mais preocupada com causas sectárias e agendas identitárias, do que em resolver os problemas económicos e sociais que a administração da qual fez parte criou.

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Entre uma elite milionária que se fez como tal através da política e uma elite americana milionária, que durante muitos anos foi vista como símbolo do “American dream” e da meritocracia, os americanos preferem sempre a segunda. O voto em Trump, tal como em 2016, foi um grito de revolta económica e social contra o globalismo financeiro, contra as agendas woke, contra a desertificação das cidades industriais e contra a imigração ilegal descontrolada — um tema que, durante anos, as elites de Washington tentaram fazer tábua rasa e tabu. Essa........

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